Wednesday, March 24, 2010

A vida como ela é:

Tenho mania de não pontuar as frases adequadamente. Não que eu ache que deva usar "?" no lugar de ":", ou algo do gênero, mas quando eu tinha um fotolog costumava pôr reticências no final de todas as frases.


As frases acima meio que eram pra introduzir o post, relacionando com o título, fazer uma coisa interessante. delicinha de ler. Mas mudei várias vezes a pontuação nele. E tô com uma incapacidade absurda de escrever qualquer coisa que preste. (Não que, a capacidade existindo, eu consiga escrever algo que sobreviva duas semanas ao meu senso crítico, mas isso é outra história)
Hoje vi a peça A vida como ela é no TEUNI, montagem de Edson Bueno. Que já tinha me surpreendido em 2006, com Capitu: memória editada, no dia que ficaria famoso por... esquece, isso é uma outra história. Ele também dirigiu Kafka - escrever é um sono mais profundo que a morte, peça com título compridérrimo que ganhou vários prêmios este ano. Achei meio brega o título, depois melodrámatico demais - acho tão mais legal chamar só de Kafka -, mas deve ser uma frase original do kara mesmo, melhor não implicar demais. Enfim, esta também é muito boa, mereceu os prêmios que ganhou e foi bem melhor aproveitada depois de eu ter lido Kafka de Crumb. (E lembrado do quanto me identifico com ele)
estranha.


É o que complementaria o título. Foi assim ver a peça sem ter lido praticamente nada do Nelson Rodrigues, com exceção de O beijo no asfalto, peça que teve referência tão pequena que nem sei se percebi. Além de não ter lido nada, não sei muito do senso comum sobre as obras dele (sabe aquilo que faz a gente continuar uma conversa fingindo que sabe sobre o que se está falando?). Gostei e fiquei interessado em correr atrás das peças do cara (a peça, como todas que vi dessa companhia, é uma colagem de textos do cara, dados históricos e intervenções originais). Cena mais legal? Com os dois atores que mais curti: Chiris Gomes cantando uma das diversas músicas de época que permeiam as cenas, enquanto Tiago Luz diz o quanto odeia a música: quando ele saca uma arma, ela pára no mesmo instante.


Ela me lembra alguém que conheço e de que gosto muito. Talvez a minha professora de Geografia, em Porto Velho. Ele também me lembra alguém que eu conheço, mas meu poder de abstração está fraco pra tal cogitação.


A vida é estranha, mesmo. Comecei a gostar do livro do Vonnegut, Breakfast of Champions, depois de ter criticado muito, tê-lo acusado de "querer ser o dono da verdade" e de ter recebido a réplica do Leo de que, falando daquele jeito, eu estava sendo o mesmo (coisa que Eric nunca falaria, mas escreveria em seu livro ou em algum conto como característica de um personagem mal-disfarçadamente baseado em mim). O livro ficou melhor depois, também (o começo era péssimo), mas o tapa da realidade, mesmo que exagerado, ajudou a tentar apreciá-lo melhor.